Atualmente, é comum pessoas demandarem direitos de qualquer tipo. O egoísmo é quem dita as regras: “eu sou de tal jeito, então reivindico direitos que melhorem a minha situação pessoal.”

Isso é um desvio de conhecimento e uma total falta de discernimento sobre a ideia de direitos. Por quê?

Porque um direito só existe se ele tiver uma responsabilidade de mesmo valor que o torna válido. Sem um, não existe o outro.

Então, vamos falar sobre responsabilidade.

Vivemos na época do mimimi e dos adolescentes mimados eternos – gente velha de idade, mas com mente adolescente.

Essa gente não entende o básico sobre responsabilidade – tornou-se uma coisa inexistente.

O que fazem é culpar os outros por absolutamente tudo, sem nunca olhar o espelho e ver as próprias cagadas – sem nunca tomar responsabilidade pela própria infelicidade e incapacidade.

Eu fui injusto? Foi culpa sua.

Eu gastei demais? Culpa sua.

Eu bebi demais? Culpa sua.

Eu acabei com a minha vida? Culpa sua.

Eu acabei com a família? Culpa sua.

A culpa é sempre do outro.

O cinismo e a infantilidade reinam, e a falta de responsabilidade beira a psicopatia.

Qual é o problema disso?

Essas pessoas serão eternamente infelizes, porque o grande sentido da vida está justamente nas responsabilidades.

Incapazes de assumir responsabilidades, essas pessoas estão cegas sobre o que constitui uma vida digna e de valor.

Elas sempre conseguirão se cercar somente de pessoas igualmente mesquinhas, igualmente infantis, igualmente fracas, igualmente irresponsáveis.

E o que uma vida irresponsável causa?

É uma vida sem utilidade.

É uma vida sem sentido.

É uma vida em que um irresponsável só se sente útil quando alguém próximo, igualmente irresponsável, faz uma cagada com a sua vida. Assim, um irresponsável passa a mão na cabeça do outro, para que ambos se sintam um pouquinho melhores com as decisões horríveis e catastróficas que tomaram juntos.

O engraçado dessa situação é que, apesar da noção de que a falta de responsabilidade faz a vida ser mais fácil, porque é uma vida baseada em fugir das coisas difíceis de se lidar, a consequência é justamente o oposto:

Os irresponsáveis vivem vidas imensamente piores e mais difíceis do que os responsáveis.

Eles vivem a todo o momento entrevados em conflitos e com dúvidas na cabeça sobre como estão sendo julgados pelos outros – e essa é uma vida realmente miserável de se viver.

A moral da história é que não existe uma escapatória real das responsabilidades.

Ou você aceita a responsabilidade por tudo o que você faz de bom e ruim, e por todos os seus acertos e erros, e assume a sua culpa por tudo o que deu errado na sua vida, ou você nunca terá paz, e viverá como um criminoso fugitivo – sempre paranoico, avaliando como te julgam, o que pensam de você, quem está do seu lado e quem está contra você.

Tudo na vida acaba se resumindo a essa pequena paranoia, que tem zero valor e soma zero de bom.

É avida de fuga da responsabilidade.

Existe uma escapatória dessa vida para quem se diminuiu e desceu até esse ponto?

É claro que sim.

A escapatória é: olhe-se no espelho, veja o seu pior, assuma a responsabilidade pelas merdas que você fez, pelos conflitos que você criou, e pela vida amarga que você passou a viver.

Não se perdoe. Não se deixe sair da frente do espelho sem castigo. Não passe a mão na própria cabeça.

Peça perdão, primeiro para você mesmo, e depois para quem você machucou.

E reze para essas pessoas te aceitem de volta, sabendo que elas têm sim direito de recusar você por inteiro.

Uma vez redimido da sua irresponsabilidade, você poderá ainda pagar o preço pelos danos causados a outros pelo resto da sua vida.

Mas isso vai depender dos outros, e não mais de você.

Você desceu até o seu Inferno, encarou os seus demônios, não fugiu do combate, e saiu vitorioso.

E você dominou o seu ego, e procurou aqueles que você machucou, e honestamente e com humildade pediu perdão e aceitação.

A sua parte, aí sim, foi feita.